A terceira temporada do programa MASP Renner traz criações de duplas de artistas e estilistas que discutem questões de identidade, sustentabilidade e suas relações com a tradição e a contemporaneidade
O MASP -- Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta as criações da terceira temporada do MASP Renner, projeto que convida duplas de artistas e estilistas para criarem desde 2018, de forma colaborativa, looks para integrar a coleção de moda do museu. Esta temporada, realizada entre 2021 e 2022, teve curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, Hanayrá Negreiros, curadora-adjunta de moda do MASP (2021-2022) e assistência curatorial de Leandro Muniz, assistente curatorial do MASP, e resultou em 22 looks inéditos, que discutem questões de identidade, sustentabilidade e suas relações com a tradição e a contemporaneidade. O programa tem patrocínio master da Renner e, ao todo, desenvolveu 76 looks, que refletem a diversidade cultural do acervo de obras de arte da instituição, bem como uma pluralidade de temas e linguagens.
“Moda e arte se relacionam diretamente e se manifestam de diversas maneiras. Para a Lojas Renner, unir cultura, tendência e sustentabilidade é fundamental para estabelecer conexões com diferentes públicos, em linha com a cumplicidade e o encantamento que são a essência da nossa marca. Por isso, desde 2019 apoiamos projetos e instituições por meio do selo Renner Cultural. Ficamos muito felizes em lançar mais uma temporada do MASP Renner e contribuir para dar visibilidade ao trabalho de tantos artistas brasileiros singulares”, afirma a diretora de Marketing Corporativo da Renner, Maria Cristina Merçon.
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Nesta temporada, foram convidadas nove duplas de artistas e estilistas de diferentes gerações, compostas por Aline Bispo e Flavia Aranha; Criola e Luiz Claudio Silva; Edgard de Souza e Jum Nakao; Larissa de Souza e Diego Gama; Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamoto; No Martins e Angela Brito; Panmela Castro e Walério Araújo e Randolpho Lamonier e Vicenta Perrotta, Valdirlei Dias Nunes e Vitorino Campos.
“A cada nova temporada do projeto MASP Renner, novas questões atravessam os artistas, estilistas e curadores envolvidos. Atualmente, é inevitável pensar sobre as questões raciais, de gênero e classe, bem como refletir sobre história e sustentabilidade sanitária, econômica e social”, conta Leandro Muniz.
A artista Aline Bispo e a estilista Flavia Aranha interessam-se por plantas medicinais e simbólicas cujos usos são transmitidos oralmente na cultura brasileira. Bispo trabalha com ilustração digital e pintura a óleo, enquanto Aranha utiliza materiais orgânicos e pigmentação natural para o desenvolvimento de suas roupas. Uma de suas criações foi Cio da Terra 2, um vestido com alças feitas com sementes de jarina, também conhecida como marfim-vegetal e explorada nas práticas de desenvolvimento sustentável na região amazônica, especialmente na produção de biojóias. No corpo do vestido, Bispo pintou uma imagem livremente baseada no abacaxi de jardim, uma planta ornamental, utilizando pigmentos de pau brasil, urucum, crajiru e catuaba, que produzem uma coloração rosada e avermelhada.
A dupla da artista Criola e o estilista Luiz Claudio produziu três looks predominantemente feitos de kanekalon (cabelo sintético) e miçangas. O uso desses materiais está associado às práticas de cuidados com os cabelos nas comunidades negras, como na aplicação de tranças e alongamentos ou de adornos. As peças se conectam pelas franjas em suas laterais, formando uma tríade que relaciona padronagens e figuras de mulheres negras. A artista é reconhecida por suas pinturas em murais que representam figuras negras, em especial mulheres, repletas de padronagens baseadas na cultura urbana e nas religiões afro-brasileiras; já o estilista tensiona a construção meticulosa de roupas de alfaiataria com cores e padrões vibrantes, contrastando materiais nobres, como seda e cetim, e outros inusitados, como plástico ou palha.
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